quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Em tempo ...

O Maraca que me espere.
Hoje estarei no templo do futebol outra vez.
Vou ver a outra seleção jogar.
Dá-lhe Vasco!

"Vou torcer pro Vasco ser campeão
São Januário, meu caldeirão!"

Só faltou a cerva


Quarta-feira, Maracanã lotado, jogo do Brasil, galera animada e calor dos infernos.
Cenário ideal para uma boa e gelada cerveja.
Ideal, mas não real. A CBF proibiu a venda no estádio e não podia entrar com latinha. Ou seja, fudeu! Cheguei a pensar que eu era um alcoólatra que só pensava em beber. Mas logo percebi que não. Um coro de 80 mil torcedores concordava comigo e só gritava: "CERVEJA!"
E pra completar a tortura o telão exibia imagens da área vip, espaço e todos os globais com copinho de chopp na mão. Sacanagem com a cara do povão. Então os vips podem e a gente não.

Não tinha outro jeito.
Depois de horas nas fila pra conseguir ingressos, de não poder comprar com carteirinha de estudante e gastar a fortuna de R$50, tinha que me divertir. Há 7 anos a seleção não jogava no Rio e eu nunca tinha visto um jogo do Brasil ao vivo. Valia o investimento.
Valeu também porque o pessoal tava animado e o Maraca lotado é de arrepiar.
Ouvir 80 mil pessoas cantar o hino não é em qualquer lugar.
É foda, assim como ouvir as mesmas 80 mil pessoas gritando cerveja.

Bem, enquanto pensava na gelada, assistia ao jogo morno da seleção brasileira.
Primeiro tempo fraco, com um gol do Wagner Love e risos na arquibancada quando apareceu no telão uma animação tosca com a foto dele e escrito: "O artilheiro do amor". Muito brega!

Segundo tempo o Equador começou a gostar do jogo e o Brasil nada. Kaká e Robinho, assim como no primeiro tempo, estavam muito mal no jogo. Seleção apagada.
Mas para minha sorte depois de um péssimo chute do Kaká a bola entrou.
E daí por diante, a torcida mudou os gritos. De " Ei! Kaká! Pede pra sair!" para "Ô ôô ôôôô! Melhor do mundo". Ok, ok! Exageraram mas tá valendo ... até porque daí por diante foi uma chuva de gols. 1, 2, 3 e fim. 5X0 Brasil.
Robinho também se redimiu. Com um driblê espetacular que rendeu o gol! Foda.

Saí feliz. Se for colocar na ponta do lápis, dez reais pra cada gol. Acho que foi um bom investimento.
Bem, depois do futebol veio a maratona. A corrida até o amigo do isopor mais próximo e um refresco pra gartanta de quem já estava rouco de gritar.
Aí sim ... CERVEJA!


P.S.: Tirei muitas fotos, mas como esqueci o cabo usb em Friburgo vcs vão ter que esperar!
Foto: Agência EFE

terça-feira, 16 de outubro de 2007

É frevo, é frevo, é frevo!


Quando você pensa nos grandes compositores da Mangueira qual é o primeiro nome que vem a sua cabeça?

Bem, na minha grande caixa craniana aparece logo o grande mestre Cartola.
Logo, nas comemorações dos 100 anos de um ídolo da escola imaginei que o enredo seria uma bonita e justa homenagem. Mas não, a escola resolveu homenagear os cem anos do frevo. É isso mesmo, aquele ritmo lá do Recife. Esquisito, né?!

Não. Fica fácil entender se você coloca aí três milhões de patrocínio do governo do estado nordestino. É isso que virou o carnaval carioca.

Por essas e outras, fui meio cabreiro para a escolha do samba da Mangueira no último sábado. Tava meio puto, mas animado porque levamos uma galera. Chegando ao reduto do samba, encontramos boa parte dos cidadãos cariocas espremidos, suados e amassados dentro da quadra.
Pensei em desistir depois que vi a crise de pânico de uma senhora que procurava sair do tumulto de qualquer jeito, mas como bom guerreiro resisti.

Ainda bem. Encontramos um lugar e logo, logo a bateria contagiou a galera e curtimos um belo espetáculo. Tirando a Preta Gil, que ainda não sei como foi virar rainha dos ritmistas. Na boa, tenho certeza que nenhum deles acha ela gostosa. E pra serve uma rainha de bateria? Unicamente pra ser gostosa e povoar a mente de quem toca. Bem, mas isso é uma outra discussão.

Com Ivo Meirelles à frente, a bateria deu um verdadeiro show. Aí começou a escolha dos enredos. Logo o primeiro foi o do chefe do morro. Todos já sabiam que ia ganhar. Na entrada um trio elétrico tocava a música sem parar, teve queima de fogos quando eles entraram, chuva de papel picado, bolas, efeitos especiais ... um alto investimento e tinha que ter retorno. E quem iria desafiar o chefe do morro. Eu não.

Mas tenho que dar o braço a torcer, era a melhor composição e ganhou justamente.

Mas o melhor ainda estava por vir. Lá por volta das 5 da manhã os mangueirenses resolveram misturar samba com frevo. Bateria com os metais. E num é que ficou foda.
Foi de arrepiar ouvir as músicas. E pra terminar, o hino nacional. Muito bom.

Às 7h da manhã ainda estava lá, quando a bateria tomou a rua e todos foram pro Buraco quente. Mas aí já era demais. Fui embora, empolgado, mas puto porque faltou Cartola.

P.S.: tirei muitas fotos, mas perdi o cabo usb da máquina. Juro que posto aqui quando baixar.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Não comerei da alface a verde pétala

Hoje como bom carioca no feriadão fui para praia.
Ipanema, posto 10.
Dia perfeito. A foto é pra botar inveja aos amigos caricas que estão longe.



Sol, corpos sarados, suados e malhados.
Uns passavam correndo, outros se exercitavam no calçadão, e eu um pouco redondo, com barriga saliente pra cima só pensava em relaxar e mais tarde tomar um chopp pra arrematar bem o dia.
Na boa, esse é o meu design, como diria Anabelly. Moderno, arrojado e fanfarrão.
Sem neurose com o corpo, mas neurótico pra aproveitar a vida.

Pra comprovar minha teoria, taí um texto do nosso saudoso Vinicius de Moraes.


"Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e parati

E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão."

*Para o Edu.

Festa de Elite


Sábado, 16h30.
Caralho, cinco horas eu tenho que buscar meu pai em casa, ir com ele na missa do meu avô e depois na casa da minha vó. Combinei a concetração da festa para 22h e nem sei com que fantasia eu vou. Pior, as lojas estão fechando.

Foi mais ou menos nessa hora que me deu um estalo na cabeça (fez um grande barulho sim, devido às proporções do meu crânio):

- Vou de Capitão Nascimento. A mulecada pode ir de Tropa de Elite. Vai ser o maior sucesso.

Bem, foi o maior sucesso se você considerar que 75% da festa estava vestida de farda preta.

Não fiquei chateado. Longe de mim ficar puto porque alguém tá com a mesma roupa. Pô, mas a mesma fantasia? Aí perde a graça.

Metade das brincadeiras que estávamos fazendo todos os outros faziam.
Pior, como a nossa roupa foi feita na hora o que deu pra improvisar foi calça jeans escuras, touca preta e uma blusa preta pintada a dedo horas antes. Vale lembrar, que um amigo meu tava mais pra pintor de obra do que pra Bope. Alguém teve a grande idéia de secar a blusa sacudindo e foi tinta pra tudo quanto é lado. Ficou todo manchado. Ou pode-se dizer que estava um Dalmata.

Chegamos na festa arrasando, gritando nosso hino: "Tropa de Elite osso duro de roer, pega um pega geral também vai pegar você".
Nós poderosos, com três armas de plástico coloridas e cheias de cachaça, uma granada de plástico que ninguém reconhecia e uma faca de plástico que tivemos que esconder pra não sermos barrados.

Bem, alegria de pobre dura pouco. Chegando na festa do Bope, pode-se assim dizer, vimos que o pessoal caprichou nas fantasias. Colete a prova de balas, bazucas, metralhadoras, boinas, caveiras, botas, etc ... Estava me sentindo o aspira 33, aquele que desiste no primeiro teste.

E foi difícil resistir aos testes da festa. O lugar super lotado e tinha como atração principal: Tati, a quebra barraco. Num vale nem a pena comentar o final de festa.

Quer dizer, vale sim.
Saindo às 6 da matina com sol na cara (é ... resisti bravamente. Honro a farda preta), percebi que arrombaram o carro da frente. Coração disparou e logo reparei que tinha esquecido o porta-malas aberto. Adrenalina no corpo. Abrio o carro ... intacto!
Acho que pelo menos os ladrões se impressionaram com a nossa roupa e gritos.

(Que nada, é só onda minha ... Aquela explicação que você dá pra levantar a moral da noite. É que o carro é um Uno velho e dentro dele só tinha uns livros de comunicação. Que ladrão ia querer isso? Sorte a minha que eles não gostam de ler.)

Isso sim foi uma festa de elite.


P.S.: Tinha me prometido que não iria falar sobre o filme "Tropa de Elite" no blog. Afinal, aqui o espaço é caro. Mas sério, a mídia tá enchendo a bola demais. Causou-se um estardalhaço por causa disso. Contudo, tenho que dar o braço a torcer: o filme é bom, gostei muito. E vamos combinar, o cinema além de entretenimento é espaço de debate e nesses poucos meses o filme gerou discussão sobre pirataria, ética, violência, corrupção na polícia, maconha e filhinhos de papai, entre várias outras. Pelo menos tem feito seu papel social. Vale bater palmas. Valia a indicação ao Oscar.
P.S.2: Tenho que admitir: vi a cópia pirata

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Coisas que ficam pra trás



É, ninguém sabe mesmo por onde anda o Jordi.
Algumas coisas entram em desuso e as pessoas nem se lembram de sua existência.
Tenho medo de que no futuro coisas que estão perdendo valor hoje também sejam esquecidas. Coisas assim como a vergonha.

Lembro muito bem de quando era criança e ia com meus pais pro clube e sempre que queria alguma coisa enchia o saco dos velhos.
- Pai, me dá um picolé?
- Eu não tenho. Vai lá no bar e pede pro graçon.
- Ah! Pede você pai. - choramingava.
Ele queria me ensinar desde criança e me enchia de vergonha quando chamava o garçom e falava: "ele tá com vergonha, vê aí o que ele quer". Ou então me enchia de raiva quando pedia o picolé e quando chegava ele mesmo comia. "ué, você quer? Pede um pra você. Esse fui eu quem pedi."

Ensinamentos sábios. Hoje cresci e sempre vou aos shows neste clube e o velho e bom garçom continua lá. A diferença é que não peço mas picolés, e sim cervejas.
Pelo visto, quem tem boca vai mesmo a Roma.
No meu caso ainda não cheguei lá, mas já fui parar em cada boteco e lugar maneiro.

Mas não é esse o caso de vergonha que parece entrar em extinção.
Na verdade não classifico isso como vergonha, mas como timidez.
Vergonha para mim é quando você fica inibido perante os outros porque fez alguma coisa que vai contra os valores da sociedade. As pessoas evitam (ou evitavam) passar por isso. E quando este desvio de conduta acontecia, costuma-se pedir desculpas.

Bem, mas os tempos são modernos e as coisas mudaram.
Antigamente as pessoas tinham vergonha de ser homossexuais, de participar do camdoblé, de fazer sexo, bruxas ou de estarem doentes. Graças a Deus, esses tempos de preconceito já passaram (ou deveriam ter passado).

Mas como sempre as coisas no Brasil são 8 ou 80.
Perdeu-se a vergonha de tudo. Não só daquilo que era necessário.
Hoje fazer coisas erradas é normal, é coisa de malandro. Pedir desculpas jamais.
É manter o nariz em pé e fingir que nada aconteceu. Que tudo o que se fez e o que se passa é normal. Normal pra quem cara-pálida?
Quando nossos políticos vão pedir desculpas pelos erros?
Quando os assassinos vão cumprir penas pelas mortes?
Quando tirar proveito será ruim?
Quando as pessoas voltarão a sentir vergonha?

Às vezes é difícil acreditar e viver em um futuro sem vergonha.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Na ativa




"Eu voltei, voltei para ficar.
Porque aqui, aqui é o meu lugar"

Raros e nobres leitores, estava fora uns dias, enchendo a cara, viajando e trabalhando.
É! Pode parecer esquisito, mas às vezes é bom trabalhar.
Nesse meio tempo até meu irmão casou.

Nos intervalos dessa confusão umas sessões de cinema.
Festival do Rio muito bom. Deu pra curtir legal.
Acho que estou mesmo na onda de relembrar o passado.

Vi dois filmes fodas.
Um sem comentários, a "Ópera do Mallandro". É com dois L's mesmo, porque é uma sátira da peça do Chico Buarque com as músicas do nosso querido Sérgio Mallandro.
Bilu, bilu tetéia pra lá, salsi fufu pra cá, Michael Jackson, porta dos desesperados, Vovó Mafalda, Bozo e Fofão. Quinze minutos de pura rizada nesse brilhante filme produzido pelo Lázaro Ramos, com narração do seu parceiro Wagner Moura. (caso contrário, era pirata).
O curta, ambientado nos anos 80, conta a história de um garoto (o mesmo de "O ano em que meus pais sairam de férias") que está em recuperação e tem 15 minutos pra entregar uma redação. Uma viagem louca na cabeça da criança. Criatividade e piração!
Quisera eu ter dinheiro pra fazer uns filmes assim.

O outro foi " Branca de neve - a seqüência". A continuação da história, mas de forma sátira e pornô. O príncipe (gay) tinha que comer todas as princesas que encontrava. Um verdadeiro castigo da fada madrinha que tinha um baita tesão enrustido por ele. Pra dar o tom, a chapeuzinho vermelho era uma lolita safada, os anões um bando de punheteiro e a Fera (da Bela e a Fera) o mais dotado da história. Pra variar tudo acaba em putaria, numa festa de swing com todos os personagens peladões. A fada madrinha tira o atraso e todos têm um final feliz.

Tirando as comédias e safadezas também fui ver filmes sérios.
Um documentário sobre o Che Guevara. "Personal Che", percorreu diversos países e mostrou a representação desse ídolo. Deus em umas nações, assassino em outras e moda em todas. É foda viver numa cultura em que tudo vira produto pra massa.

O último filme que vi fechou com chave de ouro essa maratona cinematográfica.
"Jogo de cena" é o mais novo documentário de Eduardo Coutinho. Eu já achava o homem foda. Agora com esse último filme tenho que tirar o chapéu. Simples, criativo, emocionante e engraçado. Ele colocou um anúncio no jornal chamando mulheres que gostariam de contar suas histórias de vida. Entrevistou todas e tabém chamou atrizes para interpretá-las. Atrizes conhecidas, como Fernanda Torres, Marília Pera e Andrea Beltrão, e também desconhecidas.
Cara, fiquei perdido. Num sabia o que era verdade e mentira às vezes. As atrizes falaram da dificuldade de interpretar. Histórias tristes, engraçadas, dramas da vida pessoal. Tudo isso ambientado em um antigo teatro, com cadeiras vermelhas, completamente vazio. Um verdadeiro jogo de cena. Vale a pena ver quando entrar em circuito.

Ah, teve outro, mas esse nem vale a pena comentar.
Desculpe Martinho da Vila, mas ao contrário de você, não vou bater palma pra doido dançar.

Bem, o festival passou. Agora rola uma segunda chance no Odeon. Mas também começou o Riocenacontenporranea. Por falta de opções culturais o Rio não morre.
Tem é que ter fôlego e dinheiro pra acompanhar.
Fôlego eu tenho, parei de fumar. Agora dinheiro ... isso são outros quinhetos (quer dizer, nem isso).