segunda-feira, 31 de março de 2008

Dever de casa



Quando a professora perguntou qual era seu sonho, permaneceu calado. Foi golpe baixo ou de mestre. A tia era uma daquelas que não cuspia só o pó de giz, mas trazia para a lousa o pó da estrada. Estrada que o pobre sem resposta nunca percorreu e nem percorrerá, senão em pensamentos. O que não podia ser chamado de sonho, porque não podia ir em alta velocidade e nem longe. Estava amarrado. Mas o quê o prendia? Nem ele o sabia. Não era nó de cadarço, esse já sabia fazer de cor e salteado. Muito menos de marinheiro, o pai era pescador. Juntou livros e lápis, dúvidas e respostas e saiu sem mesmo comer a merenda. Tinha que estudar e fazer lição de casa. Era aplicado.

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